quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Fechamento de Setembro de 2010

Em mais uma sessão carregada de referências, após PIB dos Estados Unidos levemente acima do esperado e noticiário desfavorável na Europa, o Ibovespa encerrou a quinta-feira (30) em alta de 0,28%, a 69.429 pontos. Apesar da queda auferida pelos ativos da Petrobras, o benchmark sustentou-se no campo positivo, apoiado pela valorização das ações da Vale e dos bancos. O volume financeiro do dia foi de R$ 7,79 bilhões.

Cabe destacar que, com a performance desta data, o Ibovespa fechou pelo terceiro dia acima dos 69 mil pontos. No mês, o principal índice da bolsa brasileira acumulou alta de 6,58%, sua segunda melhor performance mensal de 2010 (atrás apenas de julho, quando o ganho foi de 10,80%). No terceiro trimestre, a valorização do Ibovespa foi de 13,94%, a maior desde o terceiro trimestre de 2009 (+19,53%).

A economia norte-americana avançou 1,7% no segundo trimestre de 2010, de acordo com a terceira e última prévia dos dados anualizados, divulgada pelo Departamento de Comércio dos EUA. O avanço da economia no período ficou um pouco acima das expectativas do mercado, que sugeriam um aumento de 1,6% na atividade do país

Destaques da bolsa

Entre as altas do dia, ficaram as ações da Vale. A companhia concluiu na véspera a aquisição de 20,27% do capital social da Vale Fertilizantes detida pela The Mosaic Company. Segundo informou a mineradora em nota, o valor da operação foi de US$ 1,03 bilhão por essa parcela na antiga Fosfertil.

Do mesmo modo, a Brasil Ecodiesel viu os papéis ECOD3 avançarem em meio a especulações. De acordo com matéria publicada no portal da Exame, o fundo Arion Capital negocia a aquisição de 14,2% de participação na compranhia. Por meio de sua assessoria de imprensa, a companhia informou ao Portal InfoMoney que tomou conhecimento do assunto através da mídia. O próprio porta-voz da empresa e responsável pelo setor de Relações com Investidores, Eduardo de Come, ignora o fato.

O Santander, por sua vez, manteve a trajetória positiva auferida na véspera, em meio às boas projeções para a economia brasileira neste ano, e fechou como principal valorização do índice no dia.

Em sentido oposto, destaque para a Petrobras. A estatal comunicou na última quarta-feira que o conselho de administração da empresa homologou o novo valor para o capital social da companhia, que passou para R$ 200 bilhões após o processo de capitalização da empresa. Com a capitalização, a composição acionária da companhia também sofreu mudanças, como o aumento da participação estatal no capital social e votante.

A União, que era detentora de 55,56% do capital votante da companhia, passou a 54,18%. Apesar do recuo, a soma das instituições federais ao volume pertencente à União resulta em 64,25% do volume das ações ordinárias, que dão direito a voto no Conselho. Antes da capitalização, a porcentagem era de 57,5%. Além disso, embora o capital em mãos da União tenha recuado de 32,1% para 31,6%, a soma das entidades federais mostra 49% de representatividade do governo na Petrobras. O volume anterior era de 39,8%.

Ainda no noticiário da empresa, a Petrobras anunciou o desembolso R$ 6,991 bilhões para a União, a fim de liquidar a oferta da cessão onerosa. O valor de R$ 67,815 bilhões recebidos em forma de LFT (Letras Financeiras do Tesouro) foi insuficiente para atingir o valor de R$ 74,8 bilhões acordado pelo governo pelas áreas do pré-sal.

Liderando a ponta vendedora do índice, ficaram as ações da Fibria, refletindo o desempenho das commodities.

Agenda
Na agenda interna, o Banco Central reduziu suas projeções para a inflação brasileira ao final de 2010, tanto em seu cenário de referência, como em seu cenário de mercado, revelou em seu Relatório Trimestral de Inflação. Em seu cenário de referência, que se baseia num câmbio estável a R$ 1,75 e em uma taxa Selic a 10,75% ao ano, a autoridade monetária reduziu sua expectativa para a inflação para este ano de 5,4%, como havia revelado em junho, para 5,0%.

Também por aqui, a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou o relatório da Sondagem Industrial do mês de setembro. O ICI (Índice de Confiança da Indústria) avançou 0,4% na passagem mensal, passando de 112,9 para 113,4 pontos - já com ajuste sazonal. Segundo a instituição, após três quedas consecutivas, o índice voltou a subir apoiado na melhora das expectativas em relação aos próximos meses. Entretanto, a avaliação da situação corrente sofreu ligeira piora.

Nos EUA, além do PIB (Produto Interno Bruto), outros indicadores econômicos animaram ao mostrarem números melhores que o esperado. É o caso do da atividade industrial na região de Chicago, que atingiu 60,4 pontos em setembro, superior às projeções do mercado, que apontavam 56 pontos. Do mesmo modo, o resultado veio melhor do que a medição anterior, quando registrara 56,7 pontos.

Já o número de pedidos de auxílio-desemprego reportados nos EUA na última semana também veio melhor que as expectativas do mercado. O Initial Claims registrou um total de 453 mil novos pedidos no período, enquanto as projeções giravam em torno de 457 mil. Do mesmo modo, o indicador ficou abaixo do número registrado na semana anterior, que foi de 469 mil solicitações, conforme os dados revisados.

Na Europa, a agência de classificação de risco Moody's anunciou o corte do rating da Espanha de Aaa para Aa1, confirmando especulações sobre o rebaixamento da nota soberana do país Europeu, após avaliar a "considerável deterioração da solidez fiscal espanhola". De acordo com nota publicada pela Moody's, o novo rating resulta de uma revisão sobre o país iniciada em 30 de junho deste ano, que considerou as frágeis projeções de crescimento do país, que busca "reequilibrar sua economia ao reduzir a importância dos setores de construção civil".

Ainda no Velho Continente, a Irlanda somou motivos para ampliar a preocupação dos investidores ao anunciar que o deficit público do país pode chegar a 32% do PIB (Produto Interno Bruto) em decorrência do resgate do Anglo Irish Bank. A ajuda ao banco irlandês deverá atingir € 34 bilhões no pior cenário, segundo o banco central do país. O governo anunciou também a intenção de adiquirir o controle majoritário das ações do Allied Irish Banks.

Dólar
Ampliando as perdas vistas na sessão anterior, o dólar comercial fechou esta quinta-feira com queda de 0,76%, sendo cotado na venda a R$ 1,692, atingindo sua menor cotação desde 3 de setembro de 2008, quando terminou o dia valendo R$ 1,677. Mesmo em meio ao clima instável nos mercados e à dupla jornada de intervenções do Banco Central, a moeda manteve a trajetória de depreciação frente ao real, rompendo o patamar de R$ 1,70 pela primeira vez em mais de dois anos.

Vale mencionar que, com esta nova desvalorização, a moeda terminou o mês de setembro com variação negativa de 3,7%, o maior recuo mensal desde fevereiro, quando declinou 4,13%. Por fim, o desempenho da divisa no terceiro trimestre do ano foi negativo em 6,21%, interrompendo uma sequência de dois trimestres de valorização.

No front doméstico, o destaque ficou com a nova rodada de leilões de compra de dólares do Banco Central. A primeira intervenção no mercado cambial ocorreu por volta das 11h20 (horário de Brasília), tendo uma taxa de corte aceita em R$ 1,6969. Já a segunda compra do BaCen aconteceu entre as 15h49 e as 15h54, com taxa de R$ 1,692.

Renda Fixa
O mercado de juros futuros encerrou predominantemente em alta. O contrato de juros de maior liquidez, com vencimento em janeiro de 2013, fechou com taxa de 11,88%, alta de 0,06 ponto percentual em relação ao fechamento anterior.

No mercado de títulos da dívida externa, o título brasileiro mais líquido, o Global 40, fechou em queda de 0,07% em relação ao fechamento anterior, cotado a 138,25% do valor de face.

O Risco-País registrou variação negativa de 2 pontos-base em relação ao fechamento anterior, encerrando o dia em 203 pontos-base.

Bolsas Internacionais

O índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais blue chips norte-americanas, fechou em leve baixa de 0,44% e atingiu 10.788 pontos. Seguindo esta tendência, o índice Nasdaq Composite desvalorizou-se 0,33% a 2.369 pontos, da mesma forma, o índice S&P 500, que engloba as 500 principais empresas norte-americanas, caiu 0,31% a 1.141 pontos.

Na Europa, o índice CAC 40 da bolsa de Paris registrou baixa de 0,59% e atingiu 3.715 pontos; no mesmo sentido, o índice FTSE 100 da bolsa de Londres desvalorizou-se 0,37% chegando a 5.549 pontos e o DAX 30, da bolsa de Frankfurt, caiu 0,29% a 6.229 pontos.

Confira os eventos previstos para sexta-feira
No primeiro dia do mês de outubro, a agenda promete ser agitada. Por aqui, teremos a divulgação do IPCS (Índice de Preços ao Consumidor) referente à última quadrissemana de setembro. O indicador será divulgado pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

Também na pauta doméstica, destaque para os números da balança comercial da última semana e de setembro, que serão revelados pelo Ministério do Desenvolvimento. Ainda por aqui, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) vai apresentar a sua Pesquisa Industrial Mensal referente ao mês de agosto.

Lá fora, a agenda norte-americana vai contar com dados inflacionários trazidos pelo núcleo de índice de preços PCE, em conjunto com o Personal Income e o Personal Spendig. A atenção também deve recair sobre o nível dos gastos públicos decorrentes da construção de imóveis ao longo do oitavo mês deste ano, bem como sobre a confiança dos consumidores em setembro, medida pelo Michigan Sentiment.

O mercado deve repercutir ainda ao ISM Index, que vai mostrar o nível da atividade industrial nos Estados Unidos durante o mês de setembro.

Panorama do mês:

Destaques positivos:

As ações da GOL (GOLL4) encerraram o mês de setembro no topo do ranking de desempenho da carteira teórica do Ibovespa, acumulando uma valorização de 14,32% no período, e fechando a sessão desta quinta-feira (30) cotadas a R$ 25,95.

No segundo melhor mês do índice paulista em 2010 - o benchmark registrou um avanço 6,58% no período, perdendo apenas para o ganho de 10,80% visto em julho - as ações da companhia aérea receberam ajuda de seus dados operacionais de agosto, que revelaram um crescimento de 33,9% na demanda em sua malha aérea na comparação anual.

"Apesar do mês de agosto ser historicamente menos favorável para viagens de turismo, o novo recorde de tráfego deve-se principalmente ao gerenciamento dinâmico de tarifas da companhia", comentou a companhia. Na malha aérea internacional, a GOL obteve o maior crescimento de demanda em base anual desde o início de suas operações, de 95,6%.

O banco UBS, em relatório assinado por Jarrod Castle, projeta um crescimento de 7% no tráfego de passageiros em 2010 para as companhias do setor - para o próximo ano, acredita em uma redução de capacidade para 5%. A expectativa é de que a rentabilidade continue alta, ajudada por um mix de vendas, mesmo com o aumento de capacidade podendo reduzir o momentum positivo dos yields em 2011.

“Para ações sob a cobertura do UBS, esperamos que o total de lucros atinja US$ 6,2 bilhões em 2010”, diz o analista, destacando a GOL como preferida do banco na América Latina. "A recuperação continua, mas vai arrefecer", completa.

Terminal
Adicionalmente, a companhia também anunciou durante o mês de setembro a inauguração um novo terminal de cargas no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, através de sua subsidiária GOLLOG.

O transporte de cargas, cuja receita no segundo trimestre avançou 57,8% em comparação anual, tem elevado sua participação no faturamento da empresa. Para os próximos três anos, a GOL espera que as receitas auxiliares, que incluem o transporte de cargas, passem a representar até 20% de sua receita líquida total.

Outros destaques
Também se destacaram positivamente em setembro os papéis do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 32,13, +13,70%), da Sabesp (SBSP3, R$ 37,90, +13,44%), da CCR Rodovias (CCRO3, R$ 43,65, +12,80%), da TAM (TAMM4, R$ 38,31, +11,82%) e da B2W (BTOW3, R$ 31,30, +11,79%).

Destaques negativos:

Destoando-se do movimento positivo do Ibovespa, que acumulou ganhos de 6,58% em setembro, as ações das companhias do setor elétrico ocuparam a ponta negativa do índice durante o mês, refletindo o novo índice para retorno regulatório sobre o capital das distribuidoras de energia. O destaque ficou com a Eletropaulo (ELPL6), que viu suas ações registrarem a maior queda do Ibovespa no acumulado dos 21 pregões do mês, ficando cotadas a R$ 30,20 - variação negativa de 8,48%.

No dia 8 de setembro, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou sua proposta para que o custo médio ponderado do capital (conhecido como WACC) das empresas de distribuição fosse para 7,15% ao ano no seu terceiro ciclo de revisão, que se inicia no quarto trimestre deste ano, número que veio bem abaixo das expectativas do mercado.

"A revisão dos termos e métodos de cálculo da WACC regulatória implica em perda objetiva e imediata de valor para todas as distribuidoras", aponta Ricardo Corrêa, da Ativa Corretora. Já os analistas do JPMorgan, Anderson Frey e Pedro Manfredini, afirmaram na época que projetavam impactos negativos diretamente proporcionais à exposição da empresa ao segmento de distribuição.

E é exatamente essa exposição que pressionou as ações da Eletropaulo no mês. De acordo com relatório do Credit Suisse, assinado por Vinicius Canheu e Carlos Lucato, a companhia paulista é a mais sensível do setor à mudança. Os cálculos da dupla mostram que ela poderá ter queda de 11,2% nos lucros e 17,4% no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) já em 2012 por conta da mudança.

Marcos Severine, analista da Itaú Corretora, não hesitou em revelar seu pessimismo com a situação, reduzindo sua recomendação para as ações da Eletropaulo de markert perform - expectativa de desempenho em linha com o mercado - para underperform - expectativa de desempenho abaixo da média do mercado.

Reação dos mercados
Se a leitura dos analistas ao anúncio da Aneel não foi favorável, o mesmo pode ser dito da reação do mercado. No pregão do dia 8, os papéis da Eletropaulo despencaram 5,38%. Ainda nesse pregão, o ativo ELPL6 alcançou não apenas seu maior volume financeiro do mês (R$ 103,5 milhões), como também seu maior número de negócios concluídos (6.556).

O segundo maior giro financeiro foi visto na sessão seguinte, quando foram movimentados R$ 82,6 milhões com essas ações. Nesse dia, elas recuaram 1,78%, indo para R$ 30,41. A partir daí, o papel oscilou entre dias positivos e negativos, terminando o mês bem próximo da cotação alcançada nos dois pregões pós-anúncio da Aneel.

Outros destaques de queda
Outros papéis que também tiveram desempenho negativo em setembro foram Pão de Açucar PNA (PCAR5, R$ 58,35, -5,74%), CPFL Energia ON (CPFE3, R$ 38,70, -4,56%), Copel PNB (CPLE6, R$ 37,25, -3,12%), Gerdau Met PN (GOAU4, R$ 27,32, -3,02%) e Gerdau PN (GGBR4, R$ 22,70, -2,83%).

Análise Gráfica:
Final de mês, vamos utilizar uma base de tempo nada usual, a base mensal apenas para mostrar com Setembro foi bom.

Particularmente acredito que Outubro será um bom mês, tivemos muitos impasses pela capitalização da Petro e pelo processo eleitoral, agora tudo deve caminhar melhor.

Muitos analistas (inclusive eu) acreditam que Petro e Vale podem fazer com que a bolsa deslanche.

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