quarta-feira, 30 de junho de 2010

Fechamento do Primeiro Semestre de 2010

O que havia sido sinalizado no pregão de ontem, se confirmou nesta quarta-feira: a Bolsa de Valores de São Paulo teve seu pior trimestre desde o auge da crise financeira de 2008. Com o desempenho de hoje, o Ibovespa acumulou baixa de 13,41% de abril a junho, pior variação desde o terceiro trimestre de dois anos atrás, quando o indicador devolveu 23,80%.

Na terça-feira (29), o termômetro da bolsa paulista fechou em queda de 3,5% aos 61.977 pontos e, hoje, bem que houve uma tentativa de correção, mas o mercado virou na última hora de operação. O índice chegou a bater a máxima de 62.644 pontos para terminar com recuo de 1,68% na mínima do dia, 60.935 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,43 bilhões.

O desempenho desta quarta-feira ainda contribiu para uma série de três meses seguidos no vermelho. Em junho, o índice devolveu 3,35%. O semestre também acabou em campo negativo, com baixa de 11,16%. Cabe lembrar que em abril a variação ficou negativa em 4,04%, assim como ocorreu em maio, quando houve retração de 6,64%.

Nesta sessão, o mercado nacional que operou "colado" em Nova York, não escapou do mau humor, depois que a Moody's colocou em revisão os ratings de crédito da Espanha para possível rebaixamento. A medida, segundo a agência, reflete a piora das perspectivas de crescimento econômico e a dificuldade de Madri em alcançar seus objetivos fiscais.

De acordo com o analista da Corretora Spinelli, Max Bueno, apesar do anúncio já ser esperado, acabou trazendo pessimismo ao mercado. A Moody's era a única das três maiores agências de classificação de risco que ainda não havia anunciado reduções na nota soberana espanhola, medida tomada pela Standard & Poor's e Fitch nos últimos meses.

Na parte da manhã, a Bovespa seguiu o clima mais tranquilo das bolsas globais, que refletiam a menor demanda dos bancos da zona do euro por empréstimos de três meses do Banco Central Europeu (BCE).

Contudo, amanhã (1º), vence a linha de empréstimos de um ano do BCE para as instituições financeiras do Velho Continente e crescem as tensões sobre a capacidade dos bancos em devolver os € 442 bilhões à autoridade monetária, o que pode gerar uma nova crise.

Hoje, a fragilidade da economia norte-americana voltou à cena, depois que dados da consultoria ADP mostraram que o setor privado dos Estados Unidos criou 13 mil postos de trabalho entre maio e junho, bem abaixo das 60 mil novas vagas estimadas.

De volta ao mercado doméstico, dentre as ações com maior peso na carteira teórica (que vigora de 3 de maio a 31 de agosto), Petrobras PN (PETR4) caiu 0,04% a R$ 26,82, Vale PNA (VALE5) teve queda de 2,79% a R$ 37,94; Itaú Unibanco PN (ITUB4) perdeu 1,48% a R$ 32,60; BM&FBovespa ON (BVMF3) desvalorizou 2,27% a R$ 11,61 e Gerdau PN (GGBR4) recuou 0,93% a R$ 23,55.

Na ponta compradora, Copel PNB avançou 1,67% a R$ 37,20; Braskem PNA subiu 1,44% a R$ 12,68; e CCR Rodovias ON teve alta de 1,30% a R$ 37,38. Do outro lado, BRF Foods ON devolveu 6,28% a R$ 23,71; Redecard ON desabou 5,39% a R4 25,45; e Cielo ON desvalorizou 4,47% a R$ 15,16.

(dados do Último Instante)

O que esperar para julho?

O mês de julho deve ser marcado pela nova safra de balanços financeiros, tanto nacional como internacional. "Os resultados trimestrais que começam a ser divulgados a partir do mês que vem é que vão ditar o rumo das bolsas. Mas a tendência é que números venham em linha com o esperado", afirma Max Bueno.

Outro ponto levantado pelo profissional é a redução do volume negociado na bolsa nacional, refletindo o período de férias no Hemisfério Norte.

Alguns fatores que devem seguir impacto os negócios de risco são as dúvidas quanto a solidez da economia norte-americana, a situação do sistema financeiro europeu e o ritmo da atividade econômica na China.

Fechamento do Semestre

A média das projeções para o Ibovespa aponta o índice aos 82.200 pontos até dezembro de 2010, com destaque para o setor de consumo e varejo, beneficiado pelo aquecimento da economia brasileira. Entretanto, para alcançar essa meta, o índice terá que superar as perdas do primeiro semestre - até o dia 30 de junho, o benchmark acumulava recuo de 11,16% no ano, fechando o período a 60.935 pontos.

Entre abril e junho, a queda do índice foi de 13,14% - o primeiro trimestre negativo desde 2008, à época do agravamento da crise financeira. A variação negativa nos primeiros seis meses do ano também é a primeira desde a segunda metade de 2008, quando o índice recuou 42,25%.

Destaques
Embalada por dois resultados acima das expectativas divulgados no semestre - referente ao quarto trimestre de 2009 e ao primeiro trimestre de 2010 - e pelo bom momento do consumo no País, a Lojas Renner (LREN3) viu seus papéis subirem 27,09% no período, cotados a R$ 49 - a maior variação percentual positiva do benchmark.

Apesar das boas perspectivas para o setor, as ações da B2W (BTOW3) amargaram a maior queda nos primeiros seis meses do ano entre as ações do índice. O papel recuou 36,90%, cotado a R$ 30,08. Um dos principais drivers para este desempenho foi a entrada de novos concorrentes no mercado - sobretudo Pão de Açúcar (PCAR5) e Casas Bahia - que passaram a atuar no comércio eletrônico, contribuindo com a corrosão das margens da B2W.

Destaques do semestre

O principal foco do semestre esteve voltado para a crise fiscal europeia, que chegou aos mercados através das notícias do endividamento e maquiagem de contas públicas na Grécia, e se espalhou por parte do continente. Os PIIGS - acrônimo para Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha - são os que têm situação fiscal mais em foco, mas países como Alemanha e França também anunciaram medidas para conter o déficit.

O temor se repercutiu nas bolsas, e com exceção do índice DAX 30 da bolsa de Alemanha, os principais índices europeus encerraram o semestre em queda, com destaque para o MIB30, da Itália, que registrou baixa de 49,68% no período, e o Ibex 35, da bolsa espanhola, que teve desvalorização de 22,42% no semestre. Apesar de indicações de que a economia está se recuperando, a bolsas dos EUA compartilharam as preocupações com relação à crise europeia e os principais índices recuaram em torno de 7% no período.

Análise Macro do Primeiro Semestre de 2010







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